transportas, secretamente, alguma angústia no olhar
a extrema bondade dos dias verdadeiramente primaveris
e a beleza branda e incandescente das coisas simples
o teu reflexo jacente
enche o quarto como um grito
como um cântico de disfarçada alegria
ou de qualquer coisa que se opõe à euforiaSei que me aguardas
paciente na tua fragilizada divindade
e nas palavras mutiladas pela ausência.
Sei que ardes secretamente
que te consomes na dúvida e no silêncio.
Sei que repetes o cântico contínuo,
persistente e húmido das vagas
enquanto aguardas que te venham resgatar
o azul e todas as criaturas do mar.